O que sentimos

Em muitos ambientes organizacionais – empresas, governo, e ONGs – prevalece ainda uma visão bastante conservadora sobre sentimentos. A ideia de que o ambiente de trabalho não é lugar para emoções cria um clima de tensão e autorrepressão que nem sempre é percebido, mas que afeta não só a possibilidade de cada indivíduo atingir seu potencial mas também as relações, o trabalho em equipe e a produtividade. Muitos participantes dos nossos cursos, aliás, se julgam impedidos de falar sobre o que sentem no trabalho. Para eles, isso pode ser “perigoso” por demonstrar “fraqueza”, diminuir o “valor racional” e, assim, serem vistos como “contraproducentes” ou “redutores da eficiência”. Visões conservadoras como essas já vêm sendo desafiadas há algumas décadas. 

Em 1980 o psicólogo Howard Gardner desenvolveu a teoria das inteligências múltiplas, que compreende perspicácias como lógico-matemática, linguística, musical, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal, naturalista e existencial. Em 1995 Daniel Goleman escreveu o best-seller Inteligência emocional (ed. Objetiva), dando uma cartada importante para tornar o tema mais conhecido. A publicação inclui conceitos de inteligência intrapessoal (capacidade de compreender seus próprios sentimentos e motivações) e interpessoal (capacidade de compreender as emoções e motivações dos outros). Ao longo dos anos, empresas vêm percebendo que ouvir relatos sobre sentimentos é valorizar a totalidade do ser humano e que isso resulta em relações pessoais mais satisfatórias e um clima  organizacional que favorece a produtividade. Uma ótima forma de desenvolver inteligências ligadas às emoções e relacionamentos é a Comunicação Não-Violenta, criada pelo psicólogo americano Marshall Rosemberg, que visa uma conexão mais verdadeira e satisfatória entre as pessoas. Essa prática já foi adotada por mais de 60 países e vem contribuindo para melhorar relacionamentos, criar ambientes produtivos e colaborativos e transformar conflitos nas áreas pessoal, organizacional e política, abrangendo famílias, escolas, instituições, psicoterapia e até conflitos internacionais.  

Nossos sentimentos são como ponteiros no painel de um carro. Ou seja, são essenciais para nos informar como anda o sistema complexo que somos. Conhecer nossos próprios sentimentos e saber o que estão nos dizendo é importante para podermos expressá-los e suprir nossas próprias necessidades. Esse autoconhecimento aumenta também nossa capacidade de compreender os sentimentos e necessidades dos outros, o que influencia a forma com que nos relacionamos, a nossa comunicação e a capacidade de encontrar soluções e estratégias que considerem todos os envolvidos e que sejam boas para todos. Aliar a boa comunicação com a inteligência da emoção é, basicamente, colocar a compreensão em prática. E isso pode resultar em maior satisfação pessoal, colaboração e eficiência no fluxo das tarefas.

E você, como está se sentindo com o seu trabalho?

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