Compreender o casamento como uma forma de cultivar o amor, a apoio e o companheirismo mútuos, pode ajudar a manter o foco nessas necessidades.
Muitas pessoas nos contam sobre as diversas mudanças que ocorreram em suas vidas depois de participar de nossos cursos de Comunicação Não-Violenta (CNV). Um tema comum tem sido relacionamentos amorosos. Diversas pessoas relatam como seu casamento ou namoro melhorou, como passaram a se fazer entender e se escutar melhor, resultando em mais alegria e conexão entre o casal.
Uma mulher que estava separada há mais de um ano, nos contou que após vir em nosso curso, decidiu entrar em contato novamente com o ex. Queria expressar para ele coisas que haviam ficado não ditas enquanto estavam juntos, coisas ruins e também boas, apenas dessa vez buscou conversar de forma que movesse empatia entre os dois, aplicando princípios da CNV, sem atribuir culpa, julgamento, e buscando compreender e ser compreendida. Decidiram se encontrar um dia para conversar, e continuaram a se encontrar mais outras vezes. Ele decidiu também fazer os cursos, e a partir dali as conversas foram se aprofundando, a conexão se restabeleceu e se fortaleceu, e hoje eles estão juntos novamente!
Por outro lado, algumas pessoas, após o curso, decidem se separar. Uma senhora nos contou sobre seu processo pessoal de descoberta de suas próprias necessidades. Conforme se conectava cada vez mais consigo mesma foi percebendo o quanto seu casamento já não fazia mais sentido há muito tempo, nem para ela e provavelmente também não para seu marido. Tomou coragem para iniciar um processo de diálogo que durou alguns meses, onde ao final os dois decidiram em comum acordo se divorciar. Neste processo eles se tornaram mais amigos do que vinham sendo há muitos anos e o divórcio foi uma celebração.
Celebrar o divórcio não é algo novo em nossa jornada no mundo da CNV. Conhecemos três casais que realizaram “festas de divórcio”, convidando amigos e familiares pra celebrar a trajetória que trilharam em comum, o tempo em que estiveram juntos e essa nova fase da vida em que cada um segue agora em jornadas diferentes, para um novo ciclo, com as bênçãos um do outro.
Compreender o casamento apenas como uma forma que escolhemos para atender necessidades importantes de amor, sentido, contribuição, companhia e tantas outras, pode ajudar a manter o foco nessas necessidades e notar se elas não estão sendo atendidas, se há algo que pode mudar conversando entre o casal, ou se esta forma de casamento em algum momento deixa de fazer sentido.
A Comunicação não Violenta nos apoia em tudo isso: criar mais conexão conosco mesmos, nossas próprias necessidades e sentimentos, e a partir daí mais conexão com nossos parceiros amorosos. A partir de uma compreensão mútua, onde existe empatia e respeito ao que é realmente importante e valioso para cada um, podemos buscar encontrar estratégias que atendam às necessidades de todos e seguir nossas vidas com mais alegria, vitalidade e verdade – não importa se separados ou juntos!
*Texto originalmente publicado na Revista Viva Saúde. Escrito por Sandra Caselato e Yuri Haasz.
