Por favor e obrigado

Por favor e obrigado são as únicas duas coisas que as pessoas expressam por trás de tudo que falam e fazem. Isso é o que nos ensina Marshall Rosenberg, sistematizador da Comunicação Não-Violenta (CNV). 

Segundo ele, independente das palavras que as pessoas usam, por trás delas há sempre um “por favor”, ou seja, uma busca de apoio para conseguir o que é importante e valioso para elas; ou um “obrigado”, quer dizer, uma apreciação ou celebração por terem suas necessidades supridas.

Fazemos isso desde que nascemos. Quando um bebê chora, está fazendo um pedido: “por favor, me ajude”, e quando sorri, está dizendo: “gratidão por atender minhas necessidades”.

A CNV baseia-se na ideia de que, a todo momento, estamos buscando atender às nossas necessidades humanas universais, quer estejamos cientes disso ou não. Tudo que falamos e fazemos é uma expressão de nossos anseios e desejos mais profundos. 

As necessidades humanas universais representam na CNV um vocabulário que busca dar linguagem para a experiência de humanidade compartilhada que temos em sermos humanos, aquilo que lá no fundo nos une além de nossas diferenças. 

Quando compreendemos que as palavras e ações das pessoas são manifestações de suas necessidades, estabelecemos uma conexão empática e isso muda a forma como interagimos. Em vez de reagir defensivamente a críticas e julgamentos, ou aos comportamentos que não gostamos por parte das outras pessoas, passamos a enxergar as necessidades subjacentes por trás dessas expressões. 

Ao mesmo tempo, quando cultivamos a consciência de nossas próprias necessidades, conseguimos nos expressar com mais autenticidade e transparência nossos próprios “por favor” e “obrigado”.

A empatia conosco mesmos e com os outros torna-se a base para uma comunicação mais respeitosa e compassiva e ao mesmo tempo mais eficaz e significativa.

Quando reconhecemos que, mesmo nas situações mais desafiadoras, as pessoas estão apenas expressando pedidos de ajuda ou agradecimentos, abre-se espaço para uma abordagem mais empática. A CNV nos ensina a olhar para além das aparências e a escutar com empatia, identificando necessidades muitas vezes não verbalizadas explicitamente.

Quer experimentar? Nas suas interações no dia a dia, busque se fazer a pergunta “o que essa pessoa considera muito importante na vida dela, que ela está tentando atender? Ou o que é tão importante para ela que já está atendido? Veja se consegue localizar, muitas vezes em apenas uma palavra, o que a pessoa considera tão precioso. Provavelmente o que você irá encontrar é uma ou mais necessidades humanas universais, e saberá a que a pessoa está dizendo “por favor” ou “obrigado”.

A simplicidade das palavras “por favor” e “obrigado” encapsula a complexidade das nossas relações e necessidades humanas universais, e a CNV nos convida a explorar e compreender essa profundidade para construir conexões mais significativas e saudáveis.

*Texto originalmente publicado na Revista Viva Saúde. Escrito por Sandra Caselato e Yuri Haasz.

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